terça-feira, maio 16, 2006

PORQ's????

Estava eu a pensar o que faz com que em uma turma de 65 alunos dois ou três entrem num Centro Acadêmico e/ ou num Diretório Central dos Estudantes??? É bem verdade que hoje a formação anterior à Universidade, assim também como a formação universitária, não estimulam o interesse ao debate político e ao pensamento crítico da realidade, do nosso contexto sócio-político-econômico. Tudo isso me deixa aflita e cheia de questionamentos. O que me fez querer saber mais sobre a política estudantil? O que me fez abrir os olhos para a importância dos movimentos sociais? Sei que tive a felicidade de entrar em contato com as pessoas certas, como por exemplo, os meus colegas do CALB (Centro Acadêmico Livre de Biologia). Pessoas ativas, que não se conformam ao ver algo que não concordam. È verdade também que este meus colegas conseguem enxergar com mais clareza as coisas que estão erradas. Por exemplo, os problemas com relação à Assistência Estudantil (a estrutura frágil em que estão submetidos os nossos colegas universitários de baixa renda: A eminente possibilidade de perder uma bolsa, ou a moradia universitária, a burocracia ridícula que existe em nossa “democrática” instituição) e mais uma série de contradições em que estamos imersos e muitos não se dão conta. Eles enxergam com mais clareza porque eles procuram isso. Eles lêem mais, eles perguntam mais e eles ouvem mais. São pessoas inquietas e não pensam somente em si como é pregado hoje em dia em mensagens subliminares nesse sistema sutilmente opressor. Digo “sutilmente” para nós da classe média ou da alta, mas para milhares de miseráveis que existem por aí, com certeza ele não é sutil. Para milhares de pessoas que morrem de fome no mundo ele não é sutil. E para milhares de seres vivos na terra que têm seus habitats destruídos, ele também não é nem um pouco sutil.
Certa vez num seminário ministrado por um amigo meu na disciplina Seminário I, eu perguntei: — O que você acha que faz com que de uma turma de 65 alunos 2 ou 3 passem a fazer parte do movimento estudantil?
Ele – Marcus D’Alencar – respondeu: — Instabilidade emocional.
E ele não estava errado. Somente uma inquietação muito forte, um descontentamento profundo faz com que entremos nessa vida de luta, de fazer malabarismo com as matérias, de queimar a cuca tentando entender como as coisas funcionam (ler, virar noites e etc) e pensar estratégias e maneiras de modificar o que não achamos certo ou de ouvir desaforos do tipo “esse povo do Mov. Estudantil é um bando de vagabundo e que não gosta de estudar” ou “usam o movimento estudantil como trampolim político”, de sofrer com a ingratidão ou não-reconhecimento do esforço. Confesso que estes aspectos já foram por mim superados, pois não faço movimento estudantil para os outros, faço por nós e faço acima de tudo por mim, pela defesa do acho certo e justo. Acho também que ganhei muito mais do que perdi, pois tudo foi crescimento, foi experiência adquirida. E nunca tive e nem tenho pretensão de usar o M.E. como trampolim político, até porque já não creio neste sistema representativo que existe e que se dá através do voto. Ele deve ser modificado. Como? Não sei ao certo. Mas não deve ser pela via institucional ou pelo menos, não só por ela. O fato é que acho que passei pelas mesmas coisas que muitos de meus colegas de turma passaram e, no entanto, fui afetada de maneira diferente, o que resultou numa visão de mundo diferente e numa atitude diferenciada diante de fatos comuns a todos nós. Ainda precisarei pensar muito sobre isto tudo... mas aceito opiniões para esclarecer este meu questionamento.