sábado, julho 07, 2007

Tava rolando umas nóias sobre minhas concepções de mundo e etc. e eu tive um medo enorme de futuramente deixar de lado tudo o que acho certo, de trair esse sentimento que cultivei a partir das experiências (muitas destas foram possibilitadas pela entrada no Centro Acadêmico de Biologia) de prezar pela coletividade, de lutar por um mundo mais justo e com menos desigualdades sociais. Enfim... Esse texto foi extraído do livro “Arquitetos de Sonhos” de Ademar Bogo. Um livro, sem dúvidas, magnífico! Como tudo que li até hoje dele.

"Não é apenas a reforma agrária que está em jogo, é a possibilidade de resgatar das cinzas a esperança de um mundo melhor que muitos partidos e pessoas renegam e procuram, agora, construir o caminho ladeira abaixo, por ser mais fácil e cômodo descer a montanha do que tentar escalá-la com poucas resistências, porque, de certa forma, o caminho se confunde com o da classe dominante.
Como é possível alguém renegar tudo em que acreditou por longos anos de vida e pelo que lutou para fazer aparecer suas idéias? De um momento para outro tudo passa a ser desmentido? – Interroga Joelma.
– É de fato um tempo de contradições profundas – diz Raimunda. – Poderíamos exemplificar esta situação com uma pequena história. Diremos a nossos filhos, no futuro, que havia em um determinado tempo, grupo de pessoas que se colocavam à frente de multidões incentivando para escalar uma montanha. Iam construindo o caminho para que todas as pessoas da sociedade pudessem subir, pois lá em cima, estaria a nova sociedade. Quanto mais subiam, mais dificuldades apareciam. Começou a faltar água, comida, descanso... Um belo dia, se reuniram e olharam para cima e para baixo. Chegaram à conclusão de que, se em vez de continuarem subindo desviassem a escalada para o lado, seria menos cansativo e mais rápido chegariam ao fim. E, assim, sem perceber, foram andando para o lado e começaram a descer. Em pouco tempo, estavam todos no mesmo lugar de onde haviam saído, mais velhos e cansados. Assim, muitos se decidiram a ajudar, os que antes os criticavam, e a criticar os que tentavam subir a montanha novamente, fazendo o próprio caminho, dizendo que não era possível chegar até o topo, pois eles já haviam tentado e não conseguiram. Melhor era ficarem ali á espera de alguma solução vinda de cima, aceitaram pequenas sobras de privilégios como se fossem faíscas em plena escuridão, tentando iluminar o caminho da acomodação."

segunda-feira, julho 02, 2007

Greve 2007 – Já somos vitoriosos!

Por Alexis Azevedo – Direito UFS
A Universidade cumpre um a função dentro da sociedade. Mas essa função, se voltar para a resolução dos conflitos sociais, está desvirtuada há algum tempo pelo tão destemido "mercado". O que perdemos com isso: Autonomia (financeira e ideológica), não cumprimento do propósito acadêmico, comprometimento da pesquisa e da extensão, sucateamento do serviço público, enfim, transformação de direito em mercadoria. A educação não pode se submeter a isso. Está associada a um modelo de desenvolvimento para o nosso país, com a soberania e o futuro do povo brasileiro. Não pode estar com as empresas e a serviço do mercado. Tem que estar a serviço dos trabalhadores e do Brasil.O governo da mudança aprofunda medidas que não mudam. Contraditório? Exatamente. O que dizer do governo não quer retomar a verba específica para assistência estudantil? E o projeto de expansão quantitativo e não qualitativo? A reforma universitária que limita em 9% o gasto com a assistência estudantil, enquanto a UFS gasta 14% e não dá conta? E o PAC que não deixa que professores e técnicos sejam contratados durante 10 anos? O que dizer de tudo isso? No mínimo um basta. E uma efetiva e grande luta para que tais medidas não se aprovem.Mas a reitoria cumpriu isso? Não mesmo. É muito fácil ser capacho quando o poder nos convém. O discurso que agrada a classe média e os tubarões do ensino é constante na administração da UFS. De forma anti-democrática e autoritária "bateu o martelo" e empurrou de "guela abaixo" todos os projetos que hoje temos na nossa universidade. Ou será que foi discutido com a comunidade acadêmica que o curso de música estaria no departamento de morfologia e que o DAA poderia cobrar R$3,00 por um histórico? Com certeza não foi e sabemos o porque. Não seria aceito por ninguém propostas privatistas como essas. E embora não pareça existem duas formas de se privatizar: De forma direta - taxas do DAA - e de forma indireta com o sucateamento do público para que o privado se fortaleça – Campus de Laranjeiras.O que fazer então com uma realidade tão adversa? O movimento estudantil e os técnicos deram a resposta: GREVE!!! Mas não é preciso o diálogo antes? É sim. Mas esse aconteceu antes por parte de quem não queria greve: Governos e reitoria? Porque agora o discurso se volta contra nós e somos nós que não queremos diálogo. Interessante ver a mudança de postura para deslegitimar os movimentos e fugir do debate central. E outra: O diálogo foi proposto, mas não se deu ouvidos. É fácil escutar de uma lado e deixar fugir de outro quando não se sente na pele o cotidiano de autoritarismo e deficiências da universidade pública. O cafezinho do Rei Tor sempre está na garrafa, mas o professor nem sempre está na sala de aula, muitas vezes porque não tem: ou o professor ou a sala. Essa, infelizmente, é a nossa UFS.Os dezoito dias de paralisação que estão completados hoje nos deixam alguns sinais: Poucas vitórias como o conselho permanente e paritário para discutir assistência estudantil, muito trabalho e desgaste, o forró desse ano foi nos espaços de debate e negociação, muitos inimigos, as empresas, os governos, a reitoria, a mídia sergipana que funciona como uma marionete dos poderosos, mas também grandes aliados como o MST, a CONLUTAS e o SINTESE e no final uma grande lição: A de que o movimento estudantil organizado é capaz de alcançar as vitórias necessárias, o sentimento de que a transformação e o novo é viável e a de que não podemos perder a ternura e a esperança, numa batalha onde a mercadoria está acima de tudo, a educação no seu nível superior não deixará de ser direito no que depender de nós!Num momento onde a apatia reina e o imobilismo é geral, o movimento estudantil se mostra forte e coeso para enfrentar qualquer obstáculo no sentido de não perdermos o que conquistamos e ampliar cada vez mais essas conquistas, pois sabemos que muito ainda falta. Não basta somente manter, mas temos que acima de tudo avançar. Já somos vitoriosos!Vamos à luta! Só ela muda a vida!A paralisação continua firme!

Vamos contribuir com a UFS pública, gratuita e de qualidade!

www.paralisacao2007.blogspot.com

"Dialogar não é trocar idéias. O diálogo que não leva à ação transformadora é puro verbalismo."Moacir Gadotti em A Pedagogia da Práxis