sexta-feira, dezembro 28, 2007

P.S. Eu te amo

Faz tempo que não escrevo... nem sei bem o que quero escrever. Só que fiquei pensando nisso durante dias. Tipo, várias idéias me vieram à cabeça e muitas delas corri em minha mente como se estivesse mesmo escrevendo. Bom, pensei em falar do filme que vi hoje... veja só.. na verdade estou começando a parar de pensar e estou de fato botando em prática. O fato é que quem lê o meu blog sabe que eu sou piegas pra caramba... românticazinha, blá, blá, blá ou mi, mi, mi (como diria uma brother minha, Dona Tatiana). Mas velho... como falei desde o início, sou apaixonada por coisas belas.. por mais nojentamente românticas que algumas delas sejam... Bom, vamos de fato ao filme.

O nome dele é “P.S. Eu te amo”. Muito bom... OK! Vou explicar meu conceito de muito bom. Tem drama... pois é. Meu atual namorado diz que pra eu gostar de um filme, ele tem que ser drama. Estou mostrando a ele que está errado. Na verdade, ele não tem que “ser” drama, ele só tem que “ter” drama. O filme fala de perda e superação da perda. Parece banal, né? Mas para quem já se deparou com isso... é como se estivesse revolvendo um álbum de fotos e visse o quanto nós podemos crescer. Superar... algo (ou, mais difícil ainda para mim, alguém) que vc tenha se apegado, na maioria dos casos, é muito difícil. Bom, eu tenho uma coisa muita estranha com relação a filmes e livros que eu leio. Eu me envolvo mais do que deveria. Então, às vezes, quando eu vejo um filme eu me torno o personagem ou um brother muito chegado do personagem por aquele momento (e às vezes até um pouco depois). É o popular “sofrer e se emocionar junto com ele”. Por isso que tenho espasmos na cadeira e grito quando vejo um filme de suspense, ou quando choro quando vejo um drama. Bom, não vou falar muito mais do filme... Tipo, tem aquelas coisas pequenas que todo bom autor tem que botar... as miudezas do dia-a-dia. As birras, os detalhes do outro... enfim, é gostosamente brega. Vale a pena!

sábado, julho 07, 2007

Tava rolando umas nóias sobre minhas concepções de mundo e etc. e eu tive um medo enorme de futuramente deixar de lado tudo o que acho certo, de trair esse sentimento que cultivei a partir das experiências (muitas destas foram possibilitadas pela entrada no Centro Acadêmico de Biologia) de prezar pela coletividade, de lutar por um mundo mais justo e com menos desigualdades sociais. Enfim... Esse texto foi extraído do livro “Arquitetos de Sonhos” de Ademar Bogo. Um livro, sem dúvidas, magnífico! Como tudo que li até hoje dele.

"Não é apenas a reforma agrária que está em jogo, é a possibilidade de resgatar das cinzas a esperança de um mundo melhor que muitos partidos e pessoas renegam e procuram, agora, construir o caminho ladeira abaixo, por ser mais fácil e cômodo descer a montanha do que tentar escalá-la com poucas resistências, porque, de certa forma, o caminho se confunde com o da classe dominante.
Como é possível alguém renegar tudo em que acreditou por longos anos de vida e pelo que lutou para fazer aparecer suas idéias? De um momento para outro tudo passa a ser desmentido? – Interroga Joelma.
– É de fato um tempo de contradições profundas – diz Raimunda. – Poderíamos exemplificar esta situação com uma pequena história. Diremos a nossos filhos, no futuro, que havia em um determinado tempo, grupo de pessoas que se colocavam à frente de multidões incentivando para escalar uma montanha. Iam construindo o caminho para que todas as pessoas da sociedade pudessem subir, pois lá em cima, estaria a nova sociedade. Quanto mais subiam, mais dificuldades apareciam. Começou a faltar água, comida, descanso... Um belo dia, se reuniram e olharam para cima e para baixo. Chegaram à conclusão de que, se em vez de continuarem subindo desviassem a escalada para o lado, seria menos cansativo e mais rápido chegariam ao fim. E, assim, sem perceber, foram andando para o lado e começaram a descer. Em pouco tempo, estavam todos no mesmo lugar de onde haviam saído, mais velhos e cansados. Assim, muitos se decidiram a ajudar, os que antes os criticavam, e a criticar os que tentavam subir a montanha novamente, fazendo o próprio caminho, dizendo que não era possível chegar até o topo, pois eles já haviam tentado e não conseguiram. Melhor era ficarem ali á espera de alguma solução vinda de cima, aceitaram pequenas sobras de privilégios como se fossem faíscas em plena escuridão, tentando iluminar o caminho da acomodação."

segunda-feira, julho 02, 2007

Greve 2007 – Já somos vitoriosos!

Por Alexis Azevedo – Direito UFS
A Universidade cumpre um a função dentro da sociedade. Mas essa função, se voltar para a resolução dos conflitos sociais, está desvirtuada há algum tempo pelo tão destemido "mercado". O que perdemos com isso: Autonomia (financeira e ideológica), não cumprimento do propósito acadêmico, comprometimento da pesquisa e da extensão, sucateamento do serviço público, enfim, transformação de direito em mercadoria. A educação não pode se submeter a isso. Está associada a um modelo de desenvolvimento para o nosso país, com a soberania e o futuro do povo brasileiro. Não pode estar com as empresas e a serviço do mercado. Tem que estar a serviço dos trabalhadores e do Brasil.O governo da mudança aprofunda medidas que não mudam. Contraditório? Exatamente. O que dizer do governo não quer retomar a verba específica para assistência estudantil? E o projeto de expansão quantitativo e não qualitativo? A reforma universitária que limita em 9% o gasto com a assistência estudantil, enquanto a UFS gasta 14% e não dá conta? E o PAC que não deixa que professores e técnicos sejam contratados durante 10 anos? O que dizer de tudo isso? No mínimo um basta. E uma efetiva e grande luta para que tais medidas não se aprovem.Mas a reitoria cumpriu isso? Não mesmo. É muito fácil ser capacho quando o poder nos convém. O discurso que agrada a classe média e os tubarões do ensino é constante na administração da UFS. De forma anti-democrática e autoritária "bateu o martelo" e empurrou de "guela abaixo" todos os projetos que hoje temos na nossa universidade. Ou será que foi discutido com a comunidade acadêmica que o curso de música estaria no departamento de morfologia e que o DAA poderia cobrar R$3,00 por um histórico? Com certeza não foi e sabemos o porque. Não seria aceito por ninguém propostas privatistas como essas. E embora não pareça existem duas formas de se privatizar: De forma direta - taxas do DAA - e de forma indireta com o sucateamento do público para que o privado se fortaleça – Campus de Laranjeiras.O que fazer então com uma realidade tão adversa? O movimento estudantil e os técnicos deram a resposta: GREVE!!! Mas não é preciso o diálogo antes? É sim. Mas esse aconteceu antes por parte de quem não queria greve: Governos e reitoria? Porque agora o discurso se volta contra nós e somos nós que não queremos diálogo. Interessante ver a mudança de postura para deslegitimar os movimentos e fugir do debate central. E outra: O diálogo foi proposto, mas não se deu ouvidos. É fácil escutar de uma lado e deixar fugir de outro quando não se sente na pele o cotidiano de autoritarismo e deficiências da universidade pública. O cafezinho do Rei Tor sempre está na garrafa, mas o professor nem sempre está na sala de aula, muitas vezes porque não tem: ou o professor ou a sala. Essa, infelizmente, é a nossa UFS.Os dezoito dias de paralisação que estão completados hoje nos deixam alguns sinais: Poucas vitórias como o conselho permanente e paritário para discutir assistência estudantil, muito trabalho e desgaste, o forró desse ano foi nos espaços de debate e negociação, muitos inimigos, as empresas, os governos, a reitoria, a mídia sergipana que funciona como uma marionete dos poderosos, mas também grandes aliados como o MST, a CONLUTAS e o SINTESE e no final uma grande lição: A de que o movimento estudantil organizado é capaz de alcançar as vitórias necessárias, o sentimento de que a transformação e o novo é viável e a de que não podemos perder a ternura e a esperança, numa batalha onde a mercadoria está acima de tudo, a educação no seu nível superior não deixará de ser direito no que depender de nós!Num momento onde a apatia reina e o imobilismo é geral, o movimento estudantil se mostra forte e coeso para enfrentar qualquer obstáculo no sentido de não perdermos o que conquistamos e ampliar cada vez mais essas conquistas, pois sabemos que muito ainda falta. Não basta somente manter, mas temos que acima de tudo avançar. Já somos vitoriosos!Vamos à luta! Só ela muda a vida!A paralisação continua firme!

Vamos contribuir com a UFS pública, gratuita e de qualidade!

www.paralisacao2007.blogspot.com

"Dialogar não é trocar idéias. O diálogo que não leva à ação transformadora é puro verbalismo."Moacir Gadotti em A Pedagogia da Práxis

sábado, junho 16, 2007

Paralisação na Universidade Federal de Sergipe

Ainda acredito no poder de manifestação do povo! Na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), os estudantes somaram-se à luta dos servidores e, posteriormente, ocuparam a Reitoria, conseguindo assim que a Reitoria atendesse quase toda a pauta de reivindicações. Por que não podemos conseguir também?

Por Lorena Ribeiro

Em 44 das 45 Universidades Federais do País, com exceção dos docentes, pelo menos um de seus segmentos (ou técnicos ou alunos) está em greve. Por que isso não passa na mídia televisiva? Por que não é de interesse, pois é interessante aparentar que são casos isolados. Existem ainda hoje diversos profissionais da rede pública federal que estão em greve (Ibama, Escolas Técnicas e Agrotécnicas e etc.). E o que está acontecendo com o Brasil?

O Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Sergipe (DCE/ UFS), alguns estudantes e diversos Centros e Diretórios Acadêmicos têm promovido espaços de discussão sobre o que está acontecendo com a Universidade Pública, com os demais serviços públicos e o que pode acontecer com implementação de medidas como o PAC (Plano de Aceleração do Crescimento).

Sabendo que vivenciamos um regime de participação democrática, o DCE seguiu o nosso estatuto e promoveu uma Assembléia Geral dos Estudantes, maior espaço de discussão e deliberação estudantil, em dois turnos, de manhã e à noite, para que se abarcasse o maior número de pessoas possível. A divulgação foi feita com antecedência de duas semanas, período maior do que é previsto no estatuto (5 dias úteis), através de passadas em salas de aula, cartazes, folder’s, lista de e-mails e via DAA.

Para subsidiar a discussão que viria a ocorrer na Assembléia, oito dias antes da mesma foi promovido uma plenária de discussão sobre “o papel da greve hoje, sobre a greve dos servidores da UFS” que ocorreu também em dois turnos, de manhã e à noite. No dia 13 de junho houve a Assembléia Geral dos Estudantes na qual se discutiu:

  • A questão dos estudantes que dependem do Restaurante Universitário (Resun), da Biblioteca Central (Bicen) e demais serviços providos pelos funcionários da UFS;
  • Discutiu-se ainda o apoio à greve dos servidores que têm em sua pauta não somente a questão salarial, mas a defesa da Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade (dentre as pautas deles estão a não transformação do Hospital Universitário em Fundação Pública de Direito Privado, revogação de algumas leis do PAC que prevêem contenção de gastos com os servidores federais durante 10 anos! Quem quiser baixar “Quem vai pagar o PAC?” acesse http://www.assibge.org/);
  • E inclusão de uma pauta estudantil caso fosse deflagrada a paralisação dos estudantes.

Bem, não acompanhei a Assembléia da manhã, mas a da noite foi bastante acirrada. Após discussão sobre apoio ou não à greve dos servidores, houve votação e ganhou a proposta de apoio a esta categoria. Em seguida foram feitas discussões sobre a proposta de greve estudantil onde foram colocados argumentos contra (o fato de já estarmos em final de período, que muita gente quer greve por causa das festas, e etc) e a favor da paralisação dos estudantes (o prejuízo dos alunos que dependem dos serviços básicos de assistência estudantil, o favorecimento da conjuntura – na qual temos inúmeras instituições em paralisação no Brasil e ocupação de diversas universidades federais – para a reivindicação de uma pauta específica dos estudantes da UFS em defesa da Universidade Pública, Gratuita e de Qualidade). Enfim, após a defesa das propostas, houve votação e com a participação de 1850 votantes (o maior número já visto numa Assembléia Estudantil da UFS), na qual cerca de 1200 votaram a favor da greve, foi então deflagrada a Paralisação dos Estudantes.

Eu sou da Comissão de Mobilização e da Frente de Paralisação, tenho ajudado a dialogar com estudantes e professores, e tenho também ajudado a construir atividades diárias. Nosso movimento é pacífico, dialógico, autônomo e suprapartidário, ou seja, está acima de partidos e luta pelos interesses dos estudantes. Temos realizado plenárias, reuniões das comissões (que são 4: comunicação, mobilização, infra-estrutura e atividades), discussões e etc. Estamos tentando manter contato com diversos segmentos da sociedade, inclusive com os movimentos sociais. Entendemos que a classe docente não está em greve e, por isso não atrapalhamos o funcionamento dos blocos que têm laboratórios de pesquisa. Entendemos ainda que estes professores devem estar comparecendo nas salas para não dar aula, mas que nós estudantes, enquanto classe que está paralisada, não devemos comparecer. O professor não pode reprovar por falta ou não pode considerar o assunto da disciplina como dado caso não haja alunos em sala de aula. O professorado ainda não tem posicionamento contra ou a favor de nossa paralisação e não deve utilizar meios escusos como ameaças de reprovação e etc para intimidar os estudantes.

Neste fim de semana (16 e 17/06) estamos acampados na UFS para evitar que as carteiras sejam colocadas de volta nas salas das didáticas por profissionais terceirizados e que o Rei-tor Josué Modesto envie nota à imprensa avisando que na segunda-feira haverá aula normal, ignorando o posicionamento dos estudantes, ou seja, queremos manter a estrutura de nossa paralisação. A mídia oficial costuma distorcer a realidade, por isso peço que acessem os diversos meios de comunicação com as versões de ambos os lados, contra e a favor da greve. Inclusive, que acessem meios de comunicações alternativos como o nosso blog: http://www.greveufs2007.blogspot.com/; e o Centro de Mídia Independente (CMI), que congrega diversos voluntários no Brasil todo para dar informações que não incorrem na mídia oficial. As manifestações dificilmente são televisionadas e, quando são, transmitem-nas distorcidas.

No mais, abraços e convido a todos que queiram se juntar a nossa luta. Sabemos como é fácil marginalizar os movimentos que insurgem por melhorias nas estruturas de nossa sociedade. Sabemos que não será fácil, que muitos dirão que queríamos a paralisação por causa das festas. Essa visão distorcida só será realidade se quisermos, e afirmo que estamos aqui na UFS pra mostrar que os estudantes são capazes de fazer uma luta séria. Mas só teremos força e conseguiremos resistir se permanecermos unidos e, de preferência, formos muitos.


domingo, março 11, 2007

Visitantes de corações

Existem alguns seres que chamo de visitantes de corações.
Eles espreitam os corações dos outros pra ver se tudo está certo.
Caso contrário, eles se preocupam e tentam botar as coisas em ordem.
Eu tenho alguns destes seres em minha vida.
Bom, um deles se chama Gilmar Brito.
Uma coisa importante de ser dita
é que estes seres têm uma forte ligação com os donos dos corações visitados.
Assim, Gilmar tem uma forte ligação comigo.
Uma ligação quase que telepática.
Não houve em minha vida, desde que conheci Gil,
um momento de angústia em que ele não aparecesse de uma maneira ou de outra.
Não nos vemos com freqüência, mas sempre mantemos contato seja por telefone, internet ou até sinal de fumaça.
Gilmar quase foi de fato da família.
Meu quase namorado, ex-cunhado e eternamente amigo.
Não compreende muito de minha loucura, mas a respeita e até deve achar engraçada.
Não fosse assim, não teria me suportado tanto tempo.
São quase 10 anos de amizade... muito tempo, né Gil?!
É meu anjo da guarda. Meu fiel escudeiro.
E se minha alma salva... ele mantém meu arrebatamento prisioneiro.
O que eu não faria por ele???
Pouca coisa... Gilmar está sempre a visitar meu coração, embora, talvez ainda não saiba,
que nesse meu órgão palpitante ele tenha morada certa.
Vem, espreita, vê se está tudo onde deveria estar.
Se sim, vai embora. Se não, fica, me diz que tudo tem solução, que é preciso ter fé no mundo,
que é preciso ter fé em mim e só se vai até tudo voltar ao seu devido lugar.
Gilmar é deveras um visitante assíduo... Gilmar está sempre a me guardar.

Histórias...

Eu quero contar histórias para fazer as crianças sonharem
Os idosos relembrarem
E os rostos sorrirem
Quero provocar saudades
Fazer vislumbrar amores
Fazer sentir odores de manhãs primaveris
Quero contar histórias remetendo às coisas belas
Pintar as aquarelas de sonhos por todos sonhados
Em frases tirar retratos pra deixar registrada
Na memória da poesia
Cousas de mais valia
Provocando nostalgia
Da beleza vista por mim
Eu quero contar histórias
Que faça o céu ficar mais claro
A água ficar mais fresca
O ar mais perfumado
Como aquele abraço dado num
Aconchego sem ter fim
Quero contar histórias
Para fecharmos os olhos
E sentirmos o cheiro de terra molhada
Como num percorrer de estrada ao viajarmos de "manhãzim"
Que todas as minhas histórias contemplem
A ancestralidade de nossos avós
As coisas bonitas da terra
Acabando com as querelas
E cultivando o melhor de nós

domingo, março 04, 2007

A humanidade ainda tem salvação...

Não é todo dia que a gente encontra
Alguém que de fato te corresponda
Em todos os sentidos
E se comigo assim ele se porta
É porque eu o completo naquilo que importa
E assim seguimos entendidos...

Se nos teus olhos eu vi os meus
E em tua boca o meu sorriso
Creio que mais que isso já é
Mais do que pedi a Deus

Não há felicidade maior
Nem maior paz de espírito
Do que alcançar o que
Sempre me pareceu mito
Um carinho assim como o que você me deu...

Já amei algumas vezes
E algumas vezes também sonhei
E projetei planos futuros
Mas é duro constatar que a calma,
A paixão, a volúpia e os sussurros,
Até então nunca foram tão puros
Tão intensos... A vida já não será mais a mesma
E a única certeza que tenho é que sou tua
Tua... E a memória somente existe pra relembrar a mais bela experiência
Inventada pela humanidade... Constato isso e creio que temos ainda salvação.

Dona Maria Oliva

Ela não poderia ter nascido numa outra data qualquer. Nasceu na data dos enamorados: 12 de junho. E se tornou de fato enamorada no momento em que viu o meu avô. Talvez eu esteja romantizando demais a história dos dois, mas acho que eles gostariam que eu contasse assim. Ambos eram “experts” em dar magia às histórias e adorávamos isso, por mais que aumentassem e floreassem.

Se minha avó passou sua vida na pobreza, era rica de espírito e nunca deixou seus filhos passarem fome. Plantava hortaliças e árvores frutíferas no seu quintal. Um quintal que quando criança eu via enorme e achava que poderia alimentar infinitamente. Tinha esta impressão porque de fato alimentava os nossos olhos de tão viçoso e de tão grande que era nossa família. Minha avó era rica em filhos e em amor. De manhã cedo ela fazia café para os garis da rua. Dava um pão com manteiga a cada um. Todos sentavam na calçada e tomavam café contando casos e cousas. Assim, ela se interava das histórias da cidade. Era praticamente seu jornal matinal. Junto com as filhas mais velhas, olhava por todos os pequenos. Zelar para que todos tivessem tomado café e banho. Depois disto, cuidar da casa, do almoço e vender os gêneros na feira. Trocar o excedente pelo que não poderia cultivar em casa e eis o milagre da multiplicação. Os rapazes iam caçar pra complementar a refeição. Acho que alguns dos guris não eram tão ligeiros e caçavam jabutis (se é que isso pode ser chamado de caça...). Quantas vezes meu pai não me falou de quando ele ia pegar jabuti debaixo do juazeiro (fazendo referência que havia tanto jabutis que eles pegavam despreocupadamente achando que nunca iriam acabar).

Não tenho dúvidas que a vida da minha avó não era fácil. Mas não tenho dúvidas do respeito que todos aqueles que tiveram a chance de conhecê-la sentiam por ela e do amor que seus filhos lhe dedicaram. Rezadeira, cuidava da espiritualidade de seu povo. Rezou muitos meninos e meninas. Lembro inclusive de quando ela ia me rezar. Me botava sentada numa cadeira em seu quintal, pegava um ramo de uma planta que hoje não reconheço mais e se punha a fazer o sinal da cruz a minha frente. Falava baixo e rápido. Não entendia nada que ela dizia, mas ela franzia a testa e eu via tanta fé no apertar de seus olhos que acreditava que depois daquilo poderia brincar em paz, fazer qualquer arte. Nada ia me acontecer. Bom, pelo menos nunca aconteceu... mas também nunca brinquei de super-girl para pular de nenhum prédio.

Minha avó não tinha dinheiro para comprar brinquedos para os netos, então costurava bonecas de panos para as meninas e fazia carrinhos de lata de óleo para os meninos. Às vezes também fazia uma boneca com as folhas de uma planta que tinha no quintal. O ramo tinha folhas opostas, então duas opostas eram os braços e outras duas opostas eram as pernas. A folha ímpar e terminal era a cabeça. Hoje quando lembro disso penso o quanto ela nos fazia usar nossa imaginação. Nossa fábrica de bolos de lama retirada de seu quintal era uma das coisas que fazíamos que a deixava de cabelo em pé... eu e minhas primas cheias de terra preta e prestes a pegarmos uma micose. Ela sempre foi forte, acho que sempre deve ter sido muito paciente, sempre amou meu avô e sempre, de uma maneira ou de outra, cuidou dos seus.
Se existir vida após a morte, minha avó, Dona Maria Oliva, foi encontrar meu avô na sexta-feira (dia 23/02). Seu enterro ocorreu sob uma fina garoa e leve cheiro de terra molhada. Havia em todos os presentes, acima de tudo, um sentimento certeiro de que ela havia cumprido sua missão na terra.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

A primeira música q apresento aqui. Só não pode plagiar, beleza?! : )


Buááááá! as notas não ficaram no lugar certo...
Um samba só pra ti
Lory – 04/03/06

C7+ Em7
Oi amor. Te amo, sabia?
G# G
E só pra você não esquecer direi te amo’s todo dia.
C7+ Em7
Olá amor. Eu te fiz um samba agora.
G#
Desculpa se não fui trabalhar. Pra compor
G F
toda hora é hora, não tem de marcar.
C D
Ainda mais se for pra ti, não precisa nem pedir
D? D7
pra eu cantar baixinho.

C7+ Em7
Que quer amor? Pra ti sou todo alto astral.
G#
Vamos pegar um “bacural”,
G
E ir ao Recife antigo.
C7+ Em7
Dançar amor, dançar até às pernas bambas
G#
Maracatu, reaggue ou sambas
G
Beber com os amigos que é preciso
F C
cultivar a alegria de viver, de curtir e
D D? D7
de sorver essa cerveja gelada
(Tá gelada pra daná!)

C7+ Em7
Eita amor, olha tá todo mundo olhando agora
G#
E deixa então todos olhar
G
Nossa felicidade gorda
C7+ Em7
Vamos dar um alô, um alô pra toda essa gente
G#
Que é tão igual e diferente
G
Vamos fazer uma troça,
F
tirar onda e esbanjar que nos damos muito
C D
bem e gritar que somos um
D? D7
Não sei bem até quando

Refrão
F C
E esta noite eu vou tocar sem saber
G#
Vou cantar e vou ser
G
O amor mais bonito
F
Só pra ti
C
É que dou de mim o melhor
D
É que faço o esforço maior

? D7
E que tento o impossível
F C
E esta noite eu vou tocar sem saber
G#
Vou cantar e vou ser
G
O amor mais bonito
F
Sem ter medo
C
se amanhã ou depois de amanhã,
D
mesmo que agora diga que não,
D? D7
você acabe comigo.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

A saudade - 11/02/2007

A saudade é um pedaço de nós virtualmente arrancado.
É ser só lembranças a todo o momento.
É quando um oscilante e permanente sofrimento
Nos toma por tempo indeterminado.

Há uma angústia roendo por dentro
As motivações que normalmente nos fariam seguir
A quem recorrer? Pra onde ir?
Não temos força, só resta lamentos.

Nada parece estar em nossas mãos
Tudo parece tão gigante,
Desproporcional e intimidante
Que dói tudo em nosso corpo são

Sempre penso que nunca mais sofrerei igual,
Passar por tamanha dor deveria gerar resistência,
Mas o coração insiste na desobediência
E mais dia, menos dia me vejo de novo mal...

Recife - Pernambuco - Brasil (deviam me pagar por falar tão bem...)

Ao adentrar a cidade do Recife pela primeira vez, achei-a muito feia. Um boom de informações invadiu as minhas vistas e realmente pude descobrir o significado de “poluição visual”, um termo que ouvi num programa de televisão qualquer. O vivo colorido dos cartazes e outdoor’s em meio ao desbotado dos painéis antigos, assim como seus concretos pichados e escurecidos pela chuva davam à cidade um ar que podia ir do triste ao agressivo. A cidade é tão grande que diversas vias que ligam os bairros até parecem BR’s, o mato cresce continuamente no acostamento e várias são as áreas de terreno baldio. E a primeira impressão que tive de Recife é de que deveria ter cuidado, pois uma cidade cujo ar vai do triste ao agressivo não tem nada de bom para oferecer. Mas eu estava errada.
Minha segunda visita feita a Recife foi desbravadora. Descobri sua magia, sua história, seu encantamento. Fui a Recife acompanhada de um típico recifense, Daniel Lins, conhecido entre minhas amigas do alojamento como “O Louco”. Cortamos parte da cidade num ônibus “sanfona”, algo que pra mim dava um clima nostálgico, pois só quando era criança é que havia visto um desses na minha tão comparativamente pequenina Aracaju. Observei as pessoas, seu sotaque, os trejeitos e isto tudo começou a ter graça para mim. – Ó Lory, tu visse? - dizia Daniel ao me apontar as coisas. Às vezes não via, mas gostava de ouvi-lo dizer. Uma das coisas que me chamou mais atenção foi os vendedores ambulantes invadirem e dominarem os ônibus vendendo seus produtos tal qual os vendedores de bugigangas dos canais de vendas. Lembro em espacial de um que vendia produtos medicinais. Ele começava seu discurso feito uma apresentadora de programa infantil dizendo um alto e sonoro: – Bom dia, pessoal! Não ouvi vocês, então de novo. Bom dia, pessoal!!! Depois ele mais parecia um narrador de jogos de futebol preste a descrever um golaço de tão rápido que descrevia os produtos e seus efeitos sobre o organismo. Encontrei essa figura em outras viagens de ônibus e eu sempre tinha o mesmo acesso de riso. Ao chegar ao centro de Recife fui conhecendo lugares como a rua do hospício e seus bares, a delicatessen Portuguesa, o cais, suas pontes que deram o apelido de Recife de “Veneza brasileira”. E a cidade foi se tornando atraente. A cultura emana de seu chão, de seus prédios, das conversas entre as pessoas na rua. Uma cultura antiga e ao mesmo tempo nova, pois em cima de um eixo básico a linguagem se transforma ao nascerem, morrerem e renascerem termos, gírias, expressões.
Dar uma volta na praça da Sé, tentar abraçar o Baobá (aquela árvore do livro do pequeno príncipe de Antoine de Saint-Exupéry), ir ao Marco-zero e atravessar de barco para o outro lado onde ficam as pedras de contenção, admirar a torre Malakoff , conhecer o mercado, conhecer os sebos de livros e de vinis na praça da Roda, e pichar a faculdade de Direito (ops!).
Não consigo mais enxergar Recife como a vi em minha primeira visita. È o lugar onde recorro quando quero me revigorar, renovar minhas energias. Pernambuco como um todo é um lugar que emana cultura. Sugiro, inclusive, que conheçam em especial um barzinho chamado “Bar do Noca” que fica em Olinda, e que durante muito tempo achei se chamar “bar da Noca”. Sugiro ainda que tomem uma boa cerveja geladíssima (sim, tem que ser íssima mesmo) e um imenso pedaço de carne-do-sol assado e servido com uma espessa fatia de queijo coalho assado na brasa acompanhado de uma porção de macaxeira amassada e misturada com queijo ralado. Atualmente não como carne, mas lembro do prazer que senti ao experimentar. Acho que este tipo de prazer, por mais danoso que seja para nós ou para o meio ambiente (um dos motivos pelo qual deixei de comer carne), deve ser-nos permitido sentir uma vez na vida. Nossa... O que dizer mais? Tanta coisa... Os maracatus, os sambas-de-côco, o frevo, Olinda, o Recife antigo, o Burburinho e a bohemia, seus artistas, Alceu Valença, Lenine, Dona Lia de Itamaracá e a ciranda, Arco-verde, Cordel-do-fogo-encantado, a livraria Cultura, o Marco-zero, o centro histórico de Igarassú, Nação Zumbi, o sotaque, a criatividade, a diversidade cultural... as pessoas! Nossa! É coisa, “Visse”! Tenho até medo de morar lá... trocaria os estudos por uma banda de maracatu. Sim, Recife mais especificamente, tem lá seus defeitos. È um das cidades mais violentas do país. Mas, se mesmo com essa violência toda é boa desse jeito, imagine se não fosse?!

terça-feira, janeiro 30, 2007

Companheiros

20/01/2007

A ti quero andar junto,
Pareado,
Lado a lado por um mesmo objetivo:
Ter mais momentos felizes que tristes
E, acima de tudo,
Crescimento (positivo).
Se você cai, eu lhe seguro e lhe ergo novamente.
Se eu caio, você é o meu guindaste.
Se junto caímos, devemos ser de um apoio mútuo,
solidário,
amortecendo a queda, pois assim esta não nos destruirá.
Quero-lhe ao meu lado, nem mais à frente nem mais atrás,
pois não sou mais que você e nem você é mais que eu.
Somos, na verdade, todos iguais.

Ainda Renovação em Amélie...

Realmente... Eu devo ser uma criatura muito besta. Emociono-me com cada coisa... Estava a pouco apreciando a trilha sonora do filme “O fabuloso destino de Amélie Poulain” e a sensação foi indescritível. Uma das coisas mais belas que já ouvi na vida. Para quem leu meus textos, em especial “Renovação em Amélie Poulain”, vai confirmar que esse filme realmente me impressionou, pois é a segunda vez que eu o cito neste blog. Mas veja bem meus caros, sou uma pessoa que cultua o belo e, portanto, quando acho algo realmente belo, não poupo elogios. Talvez comecem a achar que repito demais algumas considerações, mas... he,he... Como já escrevi no meu perfil do blog, a princípio ele foi criado para mim, como uma maneira de desabafar, de canalizar meus stresses, minha energia (criativa ou bobageante – cada um tira suas próprias conclusões); mas vi que trocar idéia com leitores seria interessante para ambos fazermos uma terapia coletiva, he, he. Confesso que ver que algumas pessoas se divertem ou refletem com a leitura dos meus textos me deixa bastante eufórica e com vontade de escrever cada vez mais. Nada como uma melhorar a auto-estima, né? Bom, o que quero propor é que vocês façam o que eu fiz há poucos minutos atrás. 1º) Baixem a trilha sonora deste filme ou de um artista chamado Yann Tiersen, responsável por esta obra de arte; 2º) Ouçam com atenção e de olhos fechados uma música chamada “Comptine d’un Autre Été”, que acho que significa “Cantiga de um outro verão”. Não teria nome mais sublime, não é??? 3º) Ouçam esta música numa altura média e por volta dos 47 segundos de música, num momento que identifico como clímax, aumente o som em todo seu volume. Isso para mim, é lavar a alma. É renovar as energias. Você está de olhos fechados e ouve aquela melodia tão linda, tão sublime... Só ouve... Tenta distinguir todos os sons, todos os tons que harmonicamente se entrelaçam para compor um arranjo que de maneira gradativa é espiritualmente impulsionante... E sem notar você está tão leve que seu braço se ergue conduzido pela harmonia musical que está inexplicavelmente em consonância com seu corpo e, porque não dizer, com sua alma. Você então, sem nunca ter entendido os gestos daqueles maestros empinguizados, se sente o próprio e ainda melhor, o mais magistral que já existiu. È difícil então perceber se é você quem conduz a música ou é a música que o conduz.